19 junho, 2013

Raul Seixas – Os 40 Anos de Ouro deTolo por Rosana da Câmara Teixeira.

Raul Seixas – Os 40 Anos de “Ouro deTolo” por Rosana da Câmara Teixeira. Confira

by Sylvio Passos
Rio de Janeiro, 07/06/2013.
Ouro de Tolo: a canção não está perdida.
Há 40 anos, no dia 07 de junho de 1973, Raul caminhou pelas ruas do centro do Rio
de Janeiro com seu violão, cantando Ouro de tolo, reunindo muitos transeuntes naquela
estranha passeata. Tal como a Mosca da canção, “zumbizava”, provocando, com os versos
que afirmavam “Eu devia estar sorrindo e orgulhoso/Por ter finalmente vencido na
vida/Mas eu acho isso uma grande piada/E um tanto quanto perigosa”.
Denominada por alguns de “hino”, e de “canção-lamento” por outros, a despeito da
letra quilométrica, alcançou rapidamente as paradas de sucesso e vendeu cerca de 60 mil
cópias em poucos dias. Questionando a apatia, o conformismo e o consumo desenfreado da
classe média brasileira, Ouro de Tolo é definida como “estranha canção que critica o
abestalhamento de uma sociedade preocupada apenas com apartamentos, carros, dinheiro,
emprego e sucesso” (Fatos e Fotos, 18/06/1973).
Lançada primeiro em compacto simples pela Philips, Ouro de Tolo integrou o disco
Krig-há bandolo! Cuidado aí vem o inimigo, referência ao grito que os macacos ensinaram
ao personagem Tarzã. Lançado em julho de 1973, apresenta na capa, um Raul magro,
cabeludo, sem camisa, com os braços abertos, olhos semicerrados, trazendo na palma da
mão direita o desenho de uma chave, símbolo da Sociedade Alternativa, da qual ele e Paulo
Coelho se diziam porta-vozes.
De certo modo, o disco, revela-se uma boa metáfora do que Raul pretendia quando
se lançou, fazer a diferença, chamar a atenção do público e da mídia com histórias de disco
voador, procissão no centro da cidade, discursos messiânicos, a pose de guru, o
representante de uma sociedade secreta – estratégias questionadas na época. Combinando
ritmos, criando metáforas, Krig-há simboliza sua projeção como intérprete, garantindo o
reconhecimento por parte da crítica especializada e do público crescente de admiradores.
Utilizando a ironia como estratégia discursiva, Raul apresentava-se como um
estranho, alguém fora da lógica esquerda-direita, um cara esquisito, excêntrico, misterioso,
as várias máscaras que o “inimigo” encarnou em pleno regime militar, para questionar a
acomodação, a opressão, incitando os indivíduos, através de suas canções e declarações, a
não se contentarem com as promessas de felicidade acenadas pela sociedade de consumo.
Cafona, brega, popular, precursor do forrock, obra rockeira, existencial, filosófica,
eclética muitos são os nomes com os quais se tenta, ainda hoje, caracterizar sua produção
musical. Raul Seixas afirmou-se, sobretudo como um artista popular, uma espécie de “anjo
caído”, “torto” e “travesso”, (Revista Manchete, 02/09/89), “maldito” (Isto é, 18/07/84),
“embriagado” (Isto é, 08/03/87) que rompeu os limites entre arte e vida, vividos como
faces de uma mesma e única experiência.
Decorridos tantos anos da sua morte, seu carisma, parece estar sempre se
metamorfoseando e se alimentando das múltiplas leituras a seu respeito, permanecendo
vivo no imaginário de admiradores, seguidores e divulgadores.
Como mosca na sopa, maluco beleza, metamorfose ambulante ou cowboy fora da
lei, Raul Seixas continua a provocar. Ouro de Tolo, 40 anos depois, teima em nos perturbar.
Os inúmeros fãs espalhados por todo o país têm como desafio provar que a canção não está
perdida.
Rosana da Câmara Teixeira (Antropóloga, profa. da UFF, autora do livro Krig-há bandolo!
Cuidado aí vem Raul Seixas).
(rosanadacamara@oi.com.br)
1973


De: "Raul Seixas Oficial Fã-Clube" <comment-reply@wordpress.com>
Data: 19 de junho de 2013 02:40
Assunto: [Novo post] Raul Seixas – Os 40 Anos de “Ouro deTolo” por Rosana da Câmara Teixeira. Confira
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