04 junho, 2013

Os cariocas não têm interesse em combater o crime. Mas e a Copa?, questiona jornalista inglês atacado no Rio

O jornalista inglês Adrian Durham, do jornal Daily Mail, foi abordado por um ladrão armado com uma faca, em Copacabana, menos de 24 horas depois de desembarcar no Brasil. O jornalista assistiu ao amistoso entre Brasil e Inglaterra, afirmou ter gostado muito do Maracanã e até convenceu-se de que as histórias que tinha ouvido sobre os problemas com a reforma eram apenas boatos. 


Na volta ao hotel - que fica próximo ao Maracanã - ele e sua namorada foram abordados por diversos pedintes e mendigos, mas não estavam se importando, pois vieram ao Brasil sabendo o que os esperava. No entanto, um dos pedintes anunciou o assalto com uma faca na mão, tocando o jornalista com a faca para que este percebesse que ele estava falando sério. 

O jornalista teve a presença de espírito de dirigir-se à rua para atravessá-la, esperando ficar em uma posição mais visível. Com isso, o ladrão se irritou e o empurrou, derrubando-o no chão, e foi embora sem levar nada. 

Durham, então, perguntou no seu hotel como fazer para levar o caso à polícia, e recebeu a singela explicação de que "não vale a pena, porque isso acontece o tempo todo", e ainda teve que ouvir conselhos para não usar jóias ou relógios caros, ou seja, não provocar - porque os ataques seriam inevitáveis. Para completar a conversa, a funcionária do hotel disse que ele tinha tido sorte de não ter sido atropelado!

Para o jornalista, o problema não é a ostentação; ele acredita que o ataque poderia ter sido dirigido a qualquer um. O problema de fato, para Durham, é que os cariocas simplesmente aceitam o crime: "A iluminação urbana e a presença da polícia têm que ser dramaticamente aumentadas antes da Copa do Mundo - e das Olimpíadas. São as atitudes que precisam mudar - os cariocas, claramente, simplesmente aceitam que o crime acontece, e não têm nenhum desejo de combatê-lo. Mas, se o governo está preparado para gastar 8,5 bilhões de libras para sediar uma Copa do Mundo enquanto dois milhões de pessoas moram em mil favelas só no Rio de Janeiro, fica claro que a ética e as prioridades desse governo são questionáveis"

O jornalista conta que quando foi à Polônia, à Ucrânia e à África do Sul, na Copa do Mundo de 2010, foi avisado de que eram lugares perigosos; mas nada aconteceu nessas viagens. Só no Rio de Janeiro, a um ano da Copa, é que ele foi abordado com uma faca já no primeiro dia. 

O jornalista conseguiu terminar de contar o episódio com uma nota gentil para os brasileiros: disse que não tentaria convencer ninguém a deixar de vir ao Brasil, apenas aconselharia a ter muito cuidado. 

A divulgação dos questionamentos de Adrian suscitou polêmica nas redes sociais, sobretudo pelo aspecto pouco crítico da mídia tradicional, no que toca a esses temas.

Certamente, Durham é um viajante experiente e foi capaz de lidar bem com a situação. Mas outros turistas podem não ter a mesma sorte - ou o mesmo jogo de cintura. Talvez seja um bom momento para refletir sobre os conselhos dados pelo jornalista.

Acesse o artigo pelo site: www.dailymail.co.uk 

Luciana Castro.


De: Folha Política <noreply@blogger.com>
Assunto: Folha Política

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