25 junho, 2013

Como derrubamos Fernando Collor – Por professor Alan

Sulinha Imprensa Livre - Idem com o Movimento Diretas Já... não é (só) chatice minha... é constatação... é história... é Realidade.... 
Cansada de incoerência: usam Cazuza e a frase Brasil, mostra a sua cara usando máscara de personagens não Brasileiros...

Especial/Diretas-Já: há 25 anos, na praça da Sé


Diretas Já 

Fernando Collor de Mello, 32º presidente do Brasil e o único a ser destituído do cargo até hoje, começou a cair em 13 de agosto de 1992.
collor
Naquela data, uma quinta-feira, o então presidente da República Fernando Collor foi à TV e pediu às pessoas que fossem às ruas, no próximo domingo, 16 de agosto, vestidas de verde e amarelo (as cores da sua campanha), em apoio ao governo. Collor estava sendo acusado de corrupção e havia uma CPI para apurar as acusações, no Congresso Nacional.
A UNE – União Nacional dos Estudantes, e a UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas, decidiram realizar na mesma data passeatas de estudantes vestidos de preto, em todas as capitais, pedindo a cabeça de Collor. Saímos às ruas aos milhares, naquele domingo dia 16 de agosto, gritando palavras de ordem contra Collor e a corrupção. Sem arruaça, sem quebra-quebra, junto com partidos políticos e organizações da sociedade civil (sim, éramos politizados, aceitávamos os partidos e até nos filiávamos a eles!).
Detalhe: fizemos isso sem internet e sem celular. Em 72 horas botamos os jovens do país nas ruas, unidos em torno de uma ideia, com as nossas lideranças (sim, aceitávamos lideranças e inclusive gostávamos delas!), na base do panfleto mimeografado e da xerox, e com muito boca-a-boca. Na semana seguinte o movimento cresceu, com a adesão de trabalhadores, donas de casa e servidores públicos. Em 25 de agosto botamos 400 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, em Sampa, 100 mil no Marco Zero, em Recife, e 80 mil na avenida Sete, em Salvador. No dia seguinte tomamos a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com 60 mil pessoas.
Derrubamos um presidente sem que nenhum incidente com a polícia fosse registrado, sem depredações e saques, sem destruição de patrimônio público. Os políticos perceberam que se ficassem contra nós perderiam nossos votos para os partidos que nos apoiavam. Collor caiu sufocado pela falta de apoio parlamentar – ninguém queria contrariar o povo nas ruas.
Ao contrário dos movimentos atuais, convocados pelo Facebook, sem lideranças, sem causas centrais, apoiados por gente que mora na Califórnia e vídeos do YouTube em inglês (ué, nós não falamos português?), ou em português com sotaque, nos organizamos em torno de uma ideia e de nossas lideranças – UNE, UBES, OAB e partidos políticos de esquerda, como PT, PDT e PC do B. O pedido de impeachment de Fernando Collor foi assinado por Barbosa Lima Sobrinho, presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa (à época com 92 anos e nosso ídolo!) e Marcelo Lavenére, presidente da OAB.
Em 29 de setembro de 1992 Collor foi afastado pelo Congresso. Não voltaria mais até 29 de dezembro, quando renunciou pra tentar escapar ao impeachment – o que não funcionou.
Sem internet, sem celular, sem quebra-quebra, com partidos políticos e organizações sociais e com lideranças, nós derrubamos um presidente.
Mostradas essas diferenças, se os protestos atuais não chegarem a algum resultado relevante além da redução de passagens de ônibus, vocês já sabem o motivo.
*Professor Alan é advogado de formação, servidor público federal concursado, “tenho DNA de professor e sou caçador de corruptos por opção”.


 
De: "Montanhas em Ação" < donotreply@wordpress.com >
Para: Sueli Vicente Ortega <cidad3@yahoo.com.br>


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