14 maio, 2013

Ele quer pintar o Recife



ELE QUER PINTAR O RECIFE

Bárbara Buril

O artista plástico recifense Derlon Almeida, 28 anos, tem conquistado o mundo com o estilo artístico que funde xilogravura e grafite. Já pintou fachadas de edifícios em países da Europa e quer espalhar a sua marca pelo Recife. A Bárbara Buril, ele revelou que sua maior empolgação hoje são pinturas murais gigantescas.

JC - Como surgiu a mistura de grafite e xilogravura?
DERLON ALMEIDA - Esse processo foi muito natural. Como grafiteiro, sempre procurei me comunicar de forma fácil com as pessoas. A rua, com seus cartazes e publicidades, tem que ser fácil. E a xilogravura não encontra dificuldades de dialogar com os transeuntes. Quando vi, o que procurava estava bem embaixo dos meus pés.

JC - Como encontrou os cordéis?DERLON - Nos mercados públicos, lugares que sempre frequentei. Hoje vou muito ao Mercado da Boa Vista, mas, na minha adolescência, vivia no da Encruzilhada. Esse imaginário do cordel é muito vivo para mim, desde a infância.

JC - O contato com o cordel é literário ou visual?DERLON - Sempre fui muito mais fã das imagens que das palavras. Me abuso quando leio um texto e penso que ele gera várias imagens diferentes para cada pessoa. Gosto de fazer o inverso, que é criar uma imagem que leve o espectador a pensar e conversar com ela.

JC - O que pensa sobre a arte?DERLON - Admiro o poder da arte de contar história, ainda que calada. Aprendo muito sobre a história vendo obras, porque tudo o que é criado é limitado a um determinado tempo. A arte que eu produzo hoje só poderia ter sido feita nos tempos atuais.

JC - Você sempre diz que o grafite é das ruas. Que tipo de ruas lhe apetecem?DERLON - As ruas são pessoas. Quando as pessoas estão em casa, não existem ruas. Mas, de forma geral, gosto de ir a lugares onde encontro diferentes tipos de gente. No Recife, adoro fazer diariamente o percurso da minha casa até a Padaria Santa Cruz, no bairro da Boa Vista. Mas, no fundo, sou muito caseiro.

JC - Cite um lugar onde seria uma honra grafitar.DERLON - O que mais me empolga hoje é fazer pinturas murais gigantescas. Gostaria de grafitar um grande prédio no Brasil ou no Recife. Imagina se eu pudesse grafitar um prédio no Centro? Seria um ponto turístico, porque chamaria a atenção das pessoas. Acho importante contribuir para que a cidade enriqueça.

JC - Colorido ou preto e branco?DERLON - Os dois. Depende do momento. Às vezes cai bem com cores, às vezes não. Por incrível que pareça, os clientes preferem os meus trabalhos coloridos. Ultimamente, tenho apresentado um trabalho mais pop. Sempre fui muito fã da pop arte. Adoro desenho animado, sou superfã de Os Simpsons e viciado no Cartoon Network.

JC - Como encontrar as tradições nordestinas em São Paulo, onde você vive atualmente?DERLON - Em São Paulo, quase metade da população é de nordestino. Encontro o pessoal no Estadão, um restaurante que nunca fecha, no Bar do Biu e na Mercearia. Não dá para sentir muitas saudades do Recife, porque vez ou outra estou por aqui. Foi superimportante para mim ter crescido no Recife. Aqui é muito particular. Temos um aprendizado muito forte, que é o de saber ouvir com facilidade.

Publicado na Revista Arrecifes/JC, Recife, 12/5/2013



                     De: Geleia General <noreply@blogger.com>
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