29 abril, 2013

Gonzaguinha - Com a perna no mundo...

Gonzaguinha. Dilmar Cavalcanti/CPDoc JB

O cantor Gonzaguinha, 46 anos, morreu em um acidente de carro depois de apresentar-se em um show em Pato Branco, no sul do Paraná.


Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, Gonzaguinha, era filho do cantor e compositor Luiz Gonzaga, e da cantora e dançarina Odiléia. A mãe de Gonzaguinha morreu de tuberculose aos 22 anos, e ele foi criado no morro de São Carlos, no Estácio, pelos padrinhos Xavier e Dina, ambos homenageados em uma das suas músicas.

Durante o período em que cursou Economia na Faculdade Cândido Mendes conheceu Ivan Lins, Dominguinhos, Aldir Blanc e César Costa Filho [os quais criaram juntos nos anos 70, o Movimento Artístico Universitário (MAU).

Gonzaguinha apresentou-se em festivais, mas só ficou conhecido pelo público depois de cantar no programa de TV de Flávio Cavalcante. Recebeu críticas e advertências da censura, mas o seu compacto, que estava encalhado nas lojas de discos, esgotou-se rapidamente. Suas letras politizadas e irônicas foram diversas vezes censuradas pelo regime militar e lhe valeram o apelido de cantor-rancor. Logo no seu LP de estreia, em 73, o compositor teve problemas com a música Comportamento Geral (você deve lutar pela xepa da feira e dizer que está recompensado), que desagradou à ditadura. 

A partir desse disco passou a disputar com Chico Buarque o título de compositor mais perseguido pela Censura. Devido a essa implacável perseguição era obrigado a produzir dois discos para conseguir gravar um. Mas Gonzaguinha permanecia tranquilo e dizia: "Nunca supervalorizei a censura, que era decorrente do estado de coisas do país". 

O compositor lutou por mudanças no Escritório de Arrecadação do Direito Autoral (Ecad), dispensou a intermediação de empresários e fundou o seu próprio selo, o Moleque.



Mudança e popularidade
A grande guinada na carreira veio em 1976 com o disco Começaria tudo outra vez, com músicas mais leves, que fizeram grande sucesso. As composições de Gonzaguinha foram gravadas por Elis Regina, Simone, Maria Bethânia e Frenéticas. 

O músico fez shows em parceria com o pai, Gonzagão, o Rei do Baião e gravou Vida de Viajante com o seu pai, Gonzagão, o rei do baião.




Acreditava na vida

Na alegria de ser

Nas coisas do coração

Nas mãos um muito fazer

Sentava bem lá no alto

Pivete olhando a cidade

Sentindo o cheiro do asfalto

Desceu por necessidade

O Dina

Teu menino desceu o São Carlos

Pegou um sonho e partiu

Pensava que era um guerreiro

Com terras e gente a conquistar

Havia um fogo em seus olhos

Um fogo de não se apagar

Diz lá pra Dina que eu volto

Que seu guri não fugiu

Só quis saber como é

Qual é

Perna no mundo sumiu

(Bis)


E hoje

Depois de tantas batalhas

A lama dos sapatos 

É a medalha 

Que ele tem pra mostrar

Passado

É um pé no chão e um

Sabiá

Presente

É a porta aberta

E futuro é o que virá

Mas, e daí, ô ô ô e á

O moleque acabou

De chegar ô ô ô e á

Nessa cama é que eu quero 

Sonhar, ô ô ô e á

Amanhã bato a perna no

Mundo, ô ô ô e á

É que o mundo é que é meu lugar !



Viva Clara Claridade!!! Viva Arte / Cultura!!!