11 março, 2013

História em Quadrinhos no Brasil: Anos 80



HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO BRASIL: ANOS 80

Em 1980, o cartunista Ziraldo lançou o livro O Menino Maluquinho. O personagem também foi adaptado para os quadrinhos pela editora Abril, onde foi publicado entre 1989 e 1994.
Em 1981, Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese transformam o estúdio D-Arte em editora, que foi responsável pelos títulos Calafrio e Mestres do Terror. Para imprimir as revistas, Zalla utilizava as gráficas da IBEP, onde trabalhava na época. A editora também publicou uma nova revista do palhaço Sacarrolha, de Primaggio Mantovi.
Entre 1982 e 1988, a Rio Gráfica Editora retomou a produção brasileira de "O Fantasma" e Walmir Amaral foi convocado para produzir as histórias do personagem. Além de Amaral, Adauto Silva, Wanderley Mayê, Milton Sardella e ainda Julio Shimamoto e Antonino Homobono desenharam as histórias do personagem.. As histórias não eram assinadas, Shimamoto costumava nomear dar o nome "Shima" em alguns dos produtos presentes na história, o mesmo recurso havia sido usado por Renato Canini, nas histórias do Zé Carioca e pelo americano Keno Don Rosa, que quando produzidas histórias do Tio Patinhas, usava a sigla DUCK (Dedicated to Uncle Carl by Keno - dedicada ao tio Carl (Carl Barks por Keno (Don Rosa).
Segundo Amaral, algumas histórias brasileiras chegaram a ser exportadas para a Suécia. Logo depois, a editora passaria a importar histórias produzidas em países como Holanda, Bélgica e Dinamarca.
Em 1982, Claudio Seto elaborou uma nova tentativa de publicar mangás brasileiros pelo selo Bico de Pena da Grafipar e criou as revistas "Super-Pinóquio" (inspirado em Astro Boye Pinóquio de Carlo Collodi) e "Robô Gigante", uma história ilustrada por Watson Portela. Na mesma revista também foi publicada uma história do Ultraboy (uma espécie de Ultraman brasileiro), de Franco de Rosa, mas ambas as revistas só tiveram apenas uma edição. Nesse mesmo ano, a editora lançou a revista Almanaque Xanadu, que trazia influência do quadrinho europeu: Watson Portela apresentava notável referência ao trabalho do francês Moebius A publicação trazia matérias sobre a revista Heavy Metal (uma versão americana da revista francesa Métal Hurlant) e de um filme animado baseado nos quadrinhos publicados pela revista.
Seto também criaria uma personagem de faroeste, Katy Apache, inspirada na personagem de Raquel Welch para o filme Hannie Caulder; assim como Hannie Caulder, Katy usava apenas um poncho. Seto desenhou apenas as primeiras histórias, sendo substituído por Mozart Couto; também pela Grafipar, Mozart Couto publicou Jackal e Watson Portela Rex, inspirado em Jonah Hex da DC Comics. Outras editoras investiram no gênero; a D-Arte publicou Johnny Pecos, de Rodolfo Zalla, o Chacal foi publicado pela Vecchi, de forma semelhante ao Judoka da EBAL. Em 1980, a Vecchi publicou a série italiana Judas, que era o pseudônimo de Allan Pinkerton; a editora traduziu o nome do cowboy para Chacal, mas após 16 edições, o roteirista Antônio Ribeiro criou um novo Chacal, cujo verdadeiro nome era Tony Carson (pseudônimo usado por Antônio Riberto em livros de bolso de faroeste, publicados pelas editoras Monterrey e Cedibra). Anos mais tarde, Judas seria publicado com seu nome original pela editora Record, e o Chacal ganharia um título próprio pela BLC Edições. A exemplo dos atores americanos de filmes de faroeste, o empresário Beto Carrero ganhou um título de faroeste, publicado pela CLUQ, com roteiros de Gedeone Malagola e arte de Eugênio Colonnese.
Em 1983, A Editora Abril assume completamente os títulos da Marvel Comics; logo em seguida, no mesmo ano, consegue os direitos dos personagens da DC, até então publicados pela EBAL. Com a finalidade de situar os leitores da Marvel, após tantas mudanças da editora, lança o projeto do Dicionário Marvel, um dicionário enciclopédico encartado em forma de fascículos (uma ou duas páginas) nas edições das revistas da Heróis da TV, Capitão América, Superaventuras Marvel, Incrível Hulk e Homem-Aranha. Foram publicadas, ao todo, 258 páginas, e a editora chegou a prometer uma capa, o que nunca aconteceu. Em 1987, Hélcio de Carvalho e Jotapê Martins (tradutor dos títulos da Marvel) saem da editora Abril e criam o Estúdio Artecomix. Em 1985, a Rio Gráfica publica Transformers, uma série licenciada pela Marvel, de robô gigantes de origem japonesa, pertencente a Hasbro.
Em 1984, a Grafipar é encerrada, e Franco de Rosa passa a trabalhar na Folha da Tarde e na editora NG (que passaria a ser conhecida como Maciota e depois como Press). Nesse mesmo ano, é criado o Dia do Quadrinho Nacional, comemorado no Dia 30 de janeiro; a data foi instituída pela Associação dos Cartunistas de São Paulo em homenagem à data da primeira publicação de As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte em 1869. A associação também cria o Prêmio Angelo Agostini, um prêmio para artistas brasileiros realizado no dia 30 de janeiro. Em 1989, surge outra premiação, o Troféu HQ Mix.
Em 1986, as Organizações Globo compram a Livraria do Globo, e com isso a Rio Gráfica Editora pode ser chamada de Editora Globo. Em 1987, Mauricio de Sousa transfere os títulos da Turma da Mônica para a editora.
Nessa época também foram publicadas as aventuras de Leão Negro, de Cynthia e Ofeliano de Almeida, divididas em tiras do jornal O Globo, um álbum publicado no Brasil e em Portugal, e revistas e fanzines especializados. surge a Circo Editorial, editora criada por Luiz Gê e Toninho Lima, pela editora foram publicadas as revistas Circo (onde foram publicadas histórias de Laerte Coutinho, do próprio Luiz Gê, de Paulo Caruso, do americano Robert Crumb, do francês Moebis, entre outros) Chiclete com Banana, de Angeli; Geraldo de Glauco e Níquel Náusea, de Fernando Gonsales. Nessa época, Angeli e Glauco publicava tiras no jornal Folha de São Paulo, a editora encerrou suas atividades em 1995.
Além da Grafipar, outras editoras investiram em revistas baseadas em séries de ação japonesas, chamadas de tokusatsu. Entre 1982 e 1986, a Bloch Editores publicou uma revista não-licenciada de Spectreman; desenhada por Eduardo Vetillo, a revista era produzida no estilo dos comics de super-heróis. No final da década de 1980 foi a vez da EBAL lançar revistas baseadas em séries da Toei Company: Jaspion, Changeman, Machine Man, Sharivan, entre outras, as revistas forma produzidas pelo Studio Velta, e no início da década seguinte, os títulos foram transferidos para a Editora Abril. A Editora Abril também publicou revistas baseadas nos desenhos animados da Filmation: He-Man e Bravestarr. Inicialmente a revista He-Man publicou histórias da Marvel Comics/Star Comics, e posteriormente publicou histórias produzidas pelos brasileiros Gedeone Malagola (roteiros), Watson Portela, Marcelo Campos (desenhos), entre outros.
Em Junho de 1985, o cartunista Ziraldo assume a presidência da Funarte (sigla de Fundação Nacional de Artes). O órgão fora criado dez anos antes pelo Governo Federal, com o objetivo de promover atividades culturais do país, sobre o comando de Ziraldo, e atuaria também como syndicate de tiras brasileiras; em 1990, o então presidente do pais Fernando Collor de Mello fecha a Funarte e, com isso, Rick Goodwin cria um novo syndicate para distribuir tiras brasileiras, a Pacatatu.
Em 1986, a Editora Abril inicia uma série de publicações adultas; a primeira delas foi a revista "Aventura & Ficção", inicialmente composta por títulos adultos da Marvel Comics, e a partir da edição 14, passou a publicar títulos de artistas brasileiros e europeus. Em 1987, é a vez da revista Epic Marvel, baseada na revista Epic Illustrated da Epic Comics, selo adulto da Marvel; a revista publicou, pela primeira vez no país, a série Dreadstar, de Jim Starlin. No ano seguinte, é a vez da série Graphic Novel: graphic novel é um termo atribuído ao quadrinista Will Eisner, para definir histórias em quadrinhos de conteúdo mais sério. Inicialmente a série da editora Abril publicou histórias da editoras Marvel e DC, logo em seguida publicou autores europeus. A editora publicaria também a séri Graphic Marvel, e outras editoras investiriam no gênero, como a editora Globo que lançou a Graphic Globo (onde Dreadstar seria publicado novamente no país) e a Nova Sampa, a sua Graphic Sampa.
Em 1988, é publicado pela Cedibra, o primeiro mangá original do Japão, Lobo Solitário de Kazuo Koike e Goseki Kojima. Nesse mesmo ano, Os Trapalhões passam a ser publicados pela Editora Abril, desta vez produzidos pelo estúdio de César Sandoval, criador da Turma do Arrepio. Primaggio Mantovi exigiu que todas as publicações licenciadas pela editora na época trouxessem créditos dos autores. A editora VHD Diffusion, lança a revista Animal, revista de conteúdo adulto inspirada nas revistas estrangeiras do gênero: a norte-americana Heavy Metal, a francesa L'Echo des Savanes, a espanhola El Víbora e a italiana Frigidaire. na revista são publicadas foi publicada pela primeira vez no país, a série RanXerox, dos italianos Tamburini e Liberatore; Squeak the Mouse, de Massimo Mattioli; Peter Pank, de Max; Calculus Cat, de Hunt Emerson; Johnny Nemo, de Peter Milligan e Brett Ewins (os criadores de Skreemer); Edmundo, o Porco, de Rochette e Veyron; Tank Girl, de Jaime Hewlett e Alan Martin; A Fundação, de Cássio Zahler e Osvaldo Pavanelli; O Sonho do Tubarão, de Mathias Schultheiss, além de histórias curtas de Milo Manara, Roberto "Magnus" Raviola, Daniel Torres, Lorenzo Mattotti, André Toral, Mosquil, Altan e Loustal, Lourenço Mutarelli, entre outros. a revista gerou dois spin-offs Coleção Animal e Grandes Aventuras Animale foi publicada até 1991.
No final da década, o Artecomix passa a se chamar Art & Comics, e começa a agenciar desenhistas brasileiros para o mercado americano. Os primeiros artistas agenciados foram Marcelo Campos e Watson Portela. A agência belga Commu International agenciou artistas brasileiros para o mercado europeu: Mozart Couto, Sebastião Seabra, Roberto Kussumoto e Rodval Mathias foram alguns desses artistas, e os roteiristas Ataíde Braz e Julio Emílio Braz foram os coordenadores da filial da agência no Brasil. Segundo Ataide Braz, a agência exigia que os brasileiros desenhassem no estilo europeu, conhecido como linha clara, e a única exceção era para títulos eróticos. A Commu agenciou artistas brasileiros entre 1988 e 1991.