27 março, 2013

Depois de gastar quase 10 casas populares em Roma, a presidente que erra o sinal da cruz tropeça nos mortos que acusou


Por Augusto Nunes

Estudantes protestam em frente da Catedral Metropolitana de Petrópolis

COM PRESENÇA DE DILMA, MISSA EM PETRÓPOLIS É PALCO DE PROTESTOS, informou o título da seguinte nota publicada pelo site do Globo: A entrada da Catedral São Pedro de Alcântara, de Petrópolis, onde nesta segunda-feira se realizou a missa de sétimo dia das 33 vítimas das chuvas da semana passada, se tornou palco de uma manifestação contra a falta de ação das autoridades para preparar a cidade para temporais. Cerca de cem pessoas pediram mais transparência nos gastos públicos e a realização de obras de contenção de encostas. Os manifestantes carregavam cartazes com mensagens como “Não queremos sua oração, mas sua ação”, “Lamentar não ressuscita” e “Queremos atitude”. Os protestos podiam ser ouvidos no interior da catedral durante a celebração feita pelo bispo diocesano de Petrópolis, dom Gregório Paixão.

Por essa a presidente não esperava. Depois de dar umpito nos mortos e repreender os sobreviventes que teimam em adiar a mudança para as 6 mil casas que não construiu, Dilma Rousseff imaginou que as coisas haviam ficado muito claras: os culpados por tragédias do gênero são as vítimas. Ao reaparecer na Região Serrana, portanto, seria decerto recepcionada por uma demasia de flagelados grávidos de gratidão, ansiosos por pedir-lhe desculpas e agradecer a visita a Petrópolis.

Não é qualquer cidade que tem a honra de ver de perto uma recordista mundial de popularidade. Segundo o Ibope, falta só a adesão de um punhado de descontentes profissionais para que todos os brasileiros, incluídos os bebês de colo e os nonagenários senis, os doidos varridos e os gênios da raça, passem os dias aplaudindo de pé o desempenho da presidente. Segundo o Datafolha, tudo anda tão bem que, a um ano e meio da eleição, está resolvido que Dilma ficará alojado no Planalto até 2018.

Ou porque não sabem disso, ou porque são eles os que impedem a chegada aos 100% de popularidade, dezenas de nativos resolveram piorar o humor da visitante com a cobrança de promessas não cumpridas. Os manifestantes seriam milhares se a oposição oficial tivesse voltado das férias para contar aos moradores da Região Serrana como foi a passagem por Roma da comitiva mais gorda da história do Vaticano. O Planalto não revelou o número exato de viajantes. Passaram de 50.

A agenda oficial só previa a conversa de meia hora com o Papa Francisco. Prevenida, a chefe convocou o exército que costuma mobilizar nos giros pelo exterior (veja reportagem na seção O País quer Saber). Escoltada pelos ministros Aloizio Mercadante, Gilberto Carvalho, Helena Chagas e Antonio Patriota, Dilma Rousseff enfrentou os rigores da primavera europeia entrincheirada no Westin Excelsior. É um dos mais caros da cidade. A diária da suíte Villa La Cupola chega a R$ 52 mil.

O restante da comitiva e parte da equipe técnica foram instalados no também estrelado Parco dei Principi. A delegação brasileira ocupou, segundo a Folha, 52 suítes. Foram 25, corrigiu Helena Chagas. Com a placidez de quem revela quanto gastou numa loja 1,99, representantes do Itamaraty juraram que a viagem consumiu R$ 324 mil. Espertamente, a conta excluiu a dinheirama investida num esquema logístico de impressionar general americano no comando de tropas de ocupação.

Para que os craques do desperdício (e a montanha de malas) circulassem com o devido conforto, foram alugados um carro blindado de luxo, sete veículos sedan com motorista, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada, um microônibus, um caminhão-baú e dois furgões. Esse colosso sobre rodas fez a gastança subir para mais de meio milhão de reais. Uma casa popular custa cerca de R$ 60 mil. Dilma e seu bando torraram quase dez numa única viagem.

A diária da suíte Via Veneto (foto) custa R$ 7.300

Uma das casas destruídas pelas chuvas em Petrópolis, onde 33 pessoas morreram soterradas.

Nenhuma das 6 mil casas prometidas em 2011 foi construída até agora.

Por falta de obras prontas, Dilma inaugurou em Petrópolis outro monumento ao cinismo: prometeu construir em 2013 o que jurou que seria concluído em 2011. E aproveitou a missa para reapresentar a fantasia de pecadora convertida. Cara de primeira comunhão, voz de noviça obediente, caprichou na pose de quem já consegue distinguir um terço de um colar e decorou a primeira parte do Salve Rainha.

Em outubro de 2010, durante uma celebração religiosa no Santuário Nacional de Aparecida, a Band revelou ao país que a ex-aluna de colégio de freiras não sabia quando nem como fazer o sinal da cruz. Num momento, só ela não movimenta o polegar. Noutro, só ela faz o movimento. E erra: em vez de mover o dedo da esquerda para a direita, faz o contrário. Deve ter estudado sinal da cruz com Frei Betto. Ou com o ex-seminarista Gilberto Carvalho.

                       

                            26/03/2013]


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