17 março, 2013

Bolsonaro é uma semente do fascismo, mais uma entre tantas espalhadas por aí


Bob Fernandes, Terra Magazine



Publicado em 14/03/2013
Tumultuada sessão de ontem na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Protestos contra o pastor e deputado Feliciano, eleito presidente da Comissão. Feliciano é o que disse serem "amaldiçoados" os descendentes de africanos. E que tem um discurso radicalmente homofóbico.

É um direito do pastor e deputado. É a opinião dele. Como é direito se considerar deboche um cidadão com tais posições presidir uma comissão de Direitos Humanos.

Mas quem roubou a cena foi o deputado Jair Bolsonaro, um entusiasta de Feliciano. Bolsonaro tem uma estranha fixação com o tema da homossexualidade. Sempre que a polêmica ressurge no Congresso, o deputado se excita.

Bolsonaro é hoje o mais conhecido rosto da extrema direita brasileira. Defensor da ditadura, ele justifica a tortura. Já disse: "O cara tem que ser arrebentado para abrir a boca". Sobre a busca de corpos dos desaparecidos na ditadura, diz: "Quem procura osso é cachorro".

Claro que com frases e atitudes como estas o que Bolsonaro busca é manchetes. Assim ele está no sexto mandato e já tem dois filhos parlamentares. Isso é O Ovo da Serpente, na definição do cineasta Ingmar Bergman. É a semente do fascismo.

Que ninguém se iluda com esse deputado. Ele pode soar folclórico, um animador de auditório, mas é um homem perigoso para a democracia. Com atitudes como essa, Bolsonaro ajuda a avacalhar ainda mais o Congresso.

Na edição de 28 de outubro de 1987 a revista Veja publicou reportagem sobre Bolsonaro. Relevou que ele e outro militar planejavam explodir bombas em quartéis do Rio de Janeiro, e na adutora do Rio Gandú.

Tal ação seria na luta por melhores salários para os militares -daí nasce a base de votos do agora deputado. Bolsonaro foi processado. Ele negou tudo, foi absolvido pelo Tribunal Militar, mas havia cometido um erro.

A revista Veja publicou um croqui, desenhado pelo próprio Bolsonaro, com a bomba que seria colocada na adutora do Rio Gandú. O ministro do Exército admitiu que a reportagem estava correta. E Veja publicou o croqui e uma foto com a seguinte legenda: "Bolsonaro, a mentira".

O que Bolsonaro fez ontem é uma evidente quebra de decoro, passível até da perda do mandato. Nada acontece porque falta autoridade moral a quem caberia puni-lo.

Toda vez que o amigo, a amiga achar graça em alguma das atitudes desse deputado, lembre se de uma de suas frases: "Nós não devíamos só torturar. Devíamos torturar e matar". Este, isso, é Bolsonaro.





De: Brasil! Brasil! < anfenoju@gmail.com >

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