02 fevereiro, 2013

O enredo do meu samba: uma santa onomatopeia - via Aluisio Machado

Aluisio Machado compartilhou um link via Danielle Santos.
O enredo do meu samba: uma santa onomatopeia
 
Alegorias pequenas no desfile da Império Serrano, de 1982, que levantou a Sapucaí com o enredo "Bumbum Paticumbum Prugurundum" Foto: Aníbal Philot / Arquivo O Globo
RIO - A diretoria do Império Serrano andava insegura às vésperas do carnaval de 1982. No ano anterior, a Serrinha tinha ficado em último lugar e só não desceu porque houve virada de mesa. Era melhor não inventar moda para não se arriscar. Tudo o que o presidente Jamil Maruf não queria eram palavras difíceis de pronunciar na letra, com risco de atravessar o samba. Mal sabia ele que era na onomatopeia “Bum bum paticumbum prugurundum” — registro do som do surdo — que estava a salvação.
O sambão de Aluisio Machado e Beto Sem Braço não só foi cantado sem erro como levou a escola ao campeonato, depois de nove anos sem título. Uma vitória consagradora, que veio acompanhada do Estandarte de Ouro em seis categorias: comunicação com o público, samba-enredo, bateria, enredo, personalidade masculina e revelação.
 — Diziam que ia atravessar. Engraçado que era fácil cantar, mas difícil falar — conta a carnavalesca Rosa Magalhães, que desenvolveu, com Lícia Lacerda, o enredo sugerido por Fernando Pamplona.
Fundador da Deixa Falar, a primeira escola do Brasil, Ismael Silva usou a onomatopeia para se referir ao toque do surdo em entrevista ao jornalista Sérgio Cabral. Rosa leu o texto e preferiu “Bum bum paticumbum prugurundum” a “Praça XI, Candelária e Sapecaí”, título proposto originalmente por Pamplona. Aluisio Machado dá graças a Deus até hoje por isso.
— A Rosinha colaborou com a gente. Se ficasse o primeiro nome, talvez não tivesse sido esse sucesso todo. Ela é ousada, gosta de brincar, e tem que ser assim mesmo, porque água com açúcar todo mundo faz — afirma o compositor, com a elegância de quem desfilou como o primeiro mestre-sala de sua escola, em 1989, substituindo às pressas o titular Zequinha, que morreu.
Ousado Aluisio também foi ao incluir na letra o trecho “Superescolas de samba S.A./ Superalegorias/ Escondendo gente bamba/ Que covardia”. O recado era claro, já que, de 1976 a 1981, só foram campeãs agremiações comandadas por bicheiros. Um carro tinha uma escultura de Joãosinho Trinta, na época carnavalesco da Beija-Flor, do bicheiro Aniz Abraão David. Havia o medo de que a verde e branco sofresse represália:
 — Eu disse ao Beto (morto em 1993) que jogo é jogo. No futebol, você não vai dar mole ao adversário só por uma questão de amizade.
Parte do samba foi feita a bordo da linha de ônibus 268 (Praça Quinze-Riocentro). Na época, Aluisio era arquivista do Tribunal Marítimo. Encontrava o amigo na Praça Quinze, e eles iam trocando ideias a caminho de Jacarepaguá, onde ficava a casa de Beto e onde Aluisio ainda mora.
“Bum bum paticumbum prugurundum” foi a primeira obra da dupla. Marcou a estreia dos dois no Império, vindos da Vila Isabel. Aluisio ganharia na escola mais 11 vezes, levando seis Estandartes de Ouro. Bem que, no carnaval de 1982, Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua crônica no “Jornal do Brasil” que o título do samba era uma “formidável onomatopeia”.
Ouça o samba
Bumbum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí
Bumbum paticumbum prugurundum,
Contagiando a Marquês de Sapucaí (Eu enfeitei )

Enfeitei meu coração (enfeitei meu coração )
De confete e serpentina
Minha mente se fez menina
Num mundo de recordação
Abracei a coroa imperial, fiz meu carnaval,
Extravasando toda a minha emoção

Óh, Praça Onze, tu és imortal
Teus braços embalaram o
samba
A sua apoteose é triunfal
De uma barrica se fez uma cuíca
De outra barrica um surdo de marcação
Com reco-reco, pandeiro e tamborim
E lindas baianas o samba ficou assim
Com reco-reco, pandeiro e tamborim
E lindas baianas o samba ficou assim

E passo a passo no compasso o samba cresceu
Na Candelária construiu seu apogeu
As burrinhas, que imagem, para os olhos um prazer
Pedem passagem pros moleques de Debret
As africanas, que quadro original
Iemanjá, Iemanjá, enriquecendo o visual( Vem meu amor)
Vem, meu amor, manda a tristeza embora
É carnaval, a folia, neste dia ninguém chora

Super Escolas de Samba S/A
Super-alegorias
Escondendo gente bamba
Que covardia!
http://sulinhacidad3.blogspot.com.br/2012/08/carnaval-1982-imperio-serrano-bum-bum.html
 
 
http://oglobo.globo.com/carnaval-2013/o-enredo-do-meu-samba-uma-santa-onomatopeia-7459096
oglobo.globo.com

 
Sabedoria, Saúde e $uce$$o: Sempre.
http://br.groups.yahoo.com/group/Cidad3_ImprensaLivre/