06 dezembro, 2012

Doutora Ruth devia ser respeitada, já Dona Marisa não.

Durante muito tempo na política brasileira copiando o modelo da política francesa, esposas de dignitários eram respeitadas, poupando-as da exposição pública das estripulias dos seus esposos.
 
Era de conhecimento público o caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com uma senhorita, que por sinal de respeito nem colocarei o seu nome. A ex-primeira dama Ruth Cardoso, enquanto estava viva foi poupada tanto pela imprensa como pela oposição de ser exposta a traição conjugal do seu esposo. O assunto veio a público após o processo de reconhecimento de paternidade que o ex-presidente da república sofreu com todos os desdobramentos que seguiram a este processo.
 
Esta espécie de acobertamento de toda a nação, não era para que a primeira dama não ficasse sabendo do ocorrido, pois certamente ela sabia, era simplesmente uma forma de não provocar inibições a quem não devia nada em termos de comportamento e não se adotou aqui a política cínica e moralista típica dos anglo-saxões, que criaram a política de abaixo da cintura, onde os políticos, como isto fosse importante para a condução da política devessem apresentar uma conduta sexual restrita aos ditames da tradição, ou seja, se tiver algum caso, este caso tem que ser escondido de tal forma que ninguém o saiba.

Nos países anglo-saxões confunde-se a fidelidade aos princípios republicanos (ou monarquistas, caso Inglês) à fidelidade conjugal, ou mesmo, no caso da Inglaterra a orientação sexual de seus governantes. Neste último caso vários ministros ou outros ocupantes de cargos políticos caíram por “escândalos” vinculados ao homossexualismo, como ser heterossexual fosse condição sine qua non para ser um bom governante.
 
Pois bem, assim como na França, em que o ex-presidente François Mitterrand (1981-1995), que também possuía uma filha adulterina, foi sempre poupado, junto com os presidentes franceses Valéry Giscard d’Estaing (1974-81), Jacques Chirac e mais uma dezena de outros tiveram suas estripulias extraconjugais ignoradas pela a imprensa, partidos de oposição e população em geral (provavelmente as aventuras extraconjugais das ex-primeiras damas, que certamente existiram, aí nem se fala mesmo depois da morte).
Seguindo o comportamento francês a nossa imprensa e oposição sempre poupou estes casos, tanto dos dignitários como das suas esposas. Temos por exemplo o caso de um ex-presidente falecido a longa data, que era conhecido por toda a sociedade brasileira e apesar de ter tido que evitar golpes políticos que o tentavam tirar do poder, jamais esta oposição feroz e golpista, ousou a utilizar politicamente com descaramento este caso.
 
A origem de tudo isto pode tanto estar baseado na elegância como também noutro pressuposto nada elegante, mas pragmático, o princípio bíblico básico: Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.
 
Infelizmente estamos abrindo um precedente nesta política, e abrindo um precedente não devido ao tipo de ato, mas sim devido ao tipo de personagem que está vinculado a este pseudo-escândalo, uma DONA no lugar de uma DOUTORA, um SENHOR no lugar de um DOUTOR. Podemos dizer com Clareza que tanto a mídia, como parte da oposição ao ex-presidente Lula (neste ponto podemos dizer que o seu último opositor, José Serra, que apesar de utilizar alguns golpes rasteiros, nunca utilizou este expediente como objeto de campanha) estão fazendo ilações sobre o comportamento do ex-presidente Lula. Diga-se de passagem, estas ilações são sustentadas por o tipo mais clássico de fofoca, do tipo, alguém (indefinido) ouviu a senhorita fulana de tal se dizer namorada do presidente.
 
Porém o ponto principal de tudo isto é o preconceito que estão tendo não só contra o ex-presidente Lula, mas principalmente pela Dona Marisa, uma senhora com fortes raízes populares que durante quase toda a sua vida se dedicou a nada mais e nada menos do que dar apoio, suporte e conselhos ao seu esposo.
Parece Claramente, que devido à proximidade temporal entre os mandatos dos presidentes que Drª Ruth merecia respeito por ser uma Doutora, enquanto a Dona Marisa, simplesmente uma esposa que apóia e dá sustento emocional e moral ao seu esposo, não merece a mesma consideração?
 
Falam em até criar uma CPI, acho simplesmente se criado esta CPI ela deveria investigar não só o suposto caso extraconjugal do presidente Lula, mas deveria expandir o seu objeto a verificar a fidelidade conjugal dos ex-presidentes, ex-ministros e também dos atuais Senadores, Deputados Federais e Governadores, aí teríamos inaugurado uma nova fase na política brasileira, a da política abaixo da cintura. Poder-se-ia fazer instituir um disque-infidelidade, onde todos tivessem a possibilidade de anonimamente relatar os casos de políticos(as), institucionalizando a fofoca como instrumento de “moralização de costumes”.
 
Vamos ser sérios e voltar a nossa Sabedoria de outrora, a vida pessoal de políticos deve ser tratada como a vida pessoal de cidadãos normais, ou seja, relações conjugais devem ser resolvidas pelos casais, e segundo e mais importante, não é um título de Doutor(a) que deve reger o respeito as pessoas. Ou seja, devemos parar com a lógica que quem é pobre ou quem tem a origem pobre, pode ter sua vida íntima exposta para a diversão pública, algo que é feito tanto por programas populares de auditório ou por pseudos programas policiais, onde a vida de trabalhadores (ou mesmo criminosos) é exposta a execração pública, como resumo de tudo, devemos respeitar a dignidade de todos.
 
 
Avanços do governo Lula
 
 
Revista Carta Capital - Nos tempos do engavetador-geral: Refrescando Henrique Cardoso
 
Nos tempos do engavetador-geral: Refrescando Henrique Cardoso.
Por - Cynara Menezes
 
O que é mais vergonhoso para um presidente da República? Ter as ações de seu governo investigadas e os responsáveis, punidos, ou varrer tudo para debaixo do tapete? Eis a diferença entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva: durante o governo do primeiro, nenhuma denúncia – e foram muitas – foi investigada; ninguém foi punido. O segundo está tendo que cortar agora na própria carne por seus erros e de seu governo simplesmente porque deu autonomia aos órgãos de investigação, como a Polícia Federal e o Ministério Público. O que é mais republicano? Descobrir malfeitos ou encobri-los?
FHC, durante os oito anos de mandato, foi beneficiado, sim, ao contrário de Lula, pelo olhar condescendente dos órgãos públicos investigadores. Seu procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era conhecido pela alcunha vexaminosa de “engavetador-geral da República”. O caso mais gritante de corrupção do governo FHC, em tudo similar ao “mensalão”, a compra de votos para a emenda da reeleição, nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal nem seus responsáveis foram punidos porque o procurador-geral simplesmente arquivou o caso. Arquivou! Um escândalo.
 
Durante a sabatina de recondução de Brindeiro ao cargo, em 2001, vários parlamentares questionaram as atitudes do envagetador, ops, procurador. A senadora Heloísa Helena, ainda no PT, citou um levantamento do próprio MP segundo o qual havia mais de 4 mil processos parados no gabinete do procurador-geral. Brindeiro foi questionado sobre o fato de ter sido preterido pelos colegas numa eleição feita para indicar ao presidente FHC quem deveria ser o procurador-geral da República.
 
Lula, não. Atendeu ao pedido dos procuradores de nomear Claudio Fonteles, primeiro colocado na lista tríplice feita pela classe, em 2003 e, em 2005, ao escolher Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão. Detalhe: em 2007, mesmo após o procurador-geral fazer a denúncia, Lula reconduziu-o ao cargo. Na época, o presidente lembrou que escolheu procuradores nomeados por seus pares, e garantiu a Antonio Fernando: “Você pode ser chamado por mim para tomar café, mas nunca será procurado pelo presidente da República para pedir que engavete um processo contra quem quer que seja neste país.”
 E assim foi.
 
Privatizações, Proer, Sivam… Pesquisem na internet. Nada, nenhum escândalo do governo FHC foi investigado. Nenhum. O pior: após o seu governo, o ex-presidente passou a ser tratado pela imprensa com condescendência tal que nenhum jornalista lhe faz perguntas sobre a impunidade em seu governo. Novamente, pesquisem na internet: encontrem alguma entrevista em que FHC foi confrontado com o fato de a compra de votos à reeleição ter sido engavetada por seu procurador-geral. Depois pesquisem quantas vezes Lula teve de ouvir perguntas sobre o “mensalão”. FHC, exatamente como Lula, disse que “não sabia” da compra de votos para a reeleição. Alguém questiona o príncipe?
 
Esta semana, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência, colocou o dedo na ferida: “Os órgãos todos de vigilância e fiscalização estão autorizados e com toda liberdade garantida pelo governo. Eu quero insistir nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia autonomia, agora há autonomia, inclusive quando cortam na nossa própria carne”, disse Carvalho. É verdade.
 
Imediatamente FHC foi acionado pelos jornais para rebater o ministro. “Tenho 81 anos, mas tenho memória”, disse o ex-presidente. Nenhum jornalista foi capaz de refrescar suas lembranças seletivas e falar do “engavetador-geral” e da compra de votos à reeleição. Pois eu refresco: nunca antes neste País se investigou tanto e com tanta independência. A ponto de o ministro da Justiça ser “acusado” de não ter sido informado da operação da PF que revirou a vida de uma mulher íntima do ex-presidente Lula. Imagina se isso iria acontecer na época de FHC e do seu engavetador-geral.
 
O erro do PT foi, fazendo diferente, agir igual.
 
 

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