19 setembro, 2012

Cardeal alega agenda cheia e não recebe Russomanno

Principal líder católico de São Paulo, o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, recusou-se a receber Celso Russomanno (PRB) antes do debate que a arquidiocese vai promover entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, amanhã.
A audiência com o religioso era uma tentativa de Russomanno para encerrar a recente polêmica entre sua campanha e a igreja.
Ele pediu ontem a conversa com Scherer para discutir a recente ofensiva da Arquidiocese de São Paulo contra sua candidatura, condicionando a ida ao debate promovido pela arquidiocese ao encontro com o cardeal.
No final da tarde, o arcebispo respondeu ao deputado estadual Campos Machado (PTB), coordenador político da campanha de Russomanno, que está com a agenda "muito carregada" e que estudaria uma data para recebê-lo "nos próximos dias".
A resposta foi mal recebida no comitê de Russomanno, que não deve ir ao debate. "Se ele ainda vai estudar, esse atraso vai impedir que a verdade venha à tona. A gravidade do fato merecia que a gente se reunisse o quanto antes", disse Machado.
Cerca de uma hora antes da resposta de dom Odilo, Russomanno havia dito que só iria ao debate depois de falar com o cardeal.
"Minha equipe acha prudente eu não ir para um debate onde não sei o que vai acontecer, então vai depender de o dom Odilo me receber", afirmara o candidato.
A arquidiocese diz ser impossível que o encontro ocorra até amanhã. Além disso, uma eventual audiência de Russomanno com o cardeal na véspera do debate poderia ser questionada pelos outros candidatos.
A campanha do PRB e seus aliados trabalham para reduzir os danos da ofensiva deflagrada pela arquidiocese contra a Igreja Universal e a candidatura de Russomanno.
No último domingo, dom Odilo orientou os padres de cerca de 300 paróquias a ler na missa um texto sobre "voto consciente", com críticas veladas à candidatura do líder da corrida eleitoral.
A leitura foi resposta a um artigo do presidente do PRB e coordenador da campanha de Russomanno, Marcos Pereira, que ligava a Igreja Católica à distribuição de cartilha anti-homofobia, batizado por evangélicos de "kit gay", elaborado pelo Ministério da Educação na gestão de Fernando Haddad, hoje candidato do PT à prefeitura.
O texto de Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal, foi publicado em maio de 2011, mas voltou a circular recentemente nas redes sociais.
"Ele deve ter os motivos dele. Precisa saber quem eu sou. A gente, quando fala sobre alguém, precisa conhecer essa pessoa. Estou dando a ele a oportunidade de me conhecer mais de perto", disse.
 
NA TELEVISÃO
Além de ter enviado o pedido de audiência com o cardeal, Campos Machado procurou também o presidente do canal católico Rede Vida, João Monteiro de Barros Filho, de quem diz ser amigo.
Foi cogitada a possibilidade de Russomanno dar entrevista à emissora, mas sua participação esbarra na Lei Eleitoral. A rede, concessão pública, precisará abrir espaço a outros concorrentes para receber o candidato do PRB.
Barros Filho deve se reunir na segunda-feira com Machado, Marcos Pereira e o vice de Russomanno, Luiz Flávio Borges D'Urso (PTB).