08 julho, 2012

HABEAS CORPUS OU HABEAS PINHO

Eu: Não falo do político, mas do Boêmio/Poeta...fará falta...
Mais um copo vazio...o mundo fica mais chato...


Em Campina Grande, PB, 1955, um grupo de Boêmios fazia Serenata numa madrugada no mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o Violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos Serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, recentemente saiu da faculdade e que também apreciava uma Boa Seresta. Ele peticiou em juízo, para que fosse Libertado o Violão:
"Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª vara desta comarca:
 O Instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revolver nem pistola
É, simplesmente, doutor, um Violão
Um Violão doutor que na verdade
Não matou nem feriu um Cidadão
Feriu sim, a Sensibilidade
Que quem Ouvir Vibrar na solidão
O Violão é sempre uma Ternura
Instrumento de Amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Inexiste entre eles afinidade
O Violão é próprio dos Cantores
Dos Menestréis de alma enternecida
Que Cantam as mágoas que povoam a Vida
E sufocam suas próprias dores
O Violão é Música e é Canção
É Sentimento, Vida e Alegria
É Pureza, é néctar que Extasia
É adorno Espiritual do coração
Seu Viver como o nosso é transitório
Mas seu destino não  perpetua
Ele nasceu para Cantar na rua
E não para ser arquivo de cartório
Mande soltá-lo pelo Amor da Noite
Que se Sente vazia em suas horas
Para que volte a Sentir o terno açoite
 De suas Cordas Leves e Sonoras
Libere o Violão, doutor juiz
Em nome da Justiça e do Direito
É crime, por ventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado?
Será delito de tão vis horrores
Perambular na rua um desgraçado
Derramando na rua suas dores?
É o apelo que aqui lhe dirigimos
Na Certeza do seu acolhimento
Juntado desta aos autos
Nós pedimos e pedimos também
Deferimento"
O juiz Arthur Moura deu sua sentença no mesmo Tom:
"Para que eu não carregue remorso no coração, Determino que se entregue, ao seu dono, o Violão"
Ronaldo foi eleito deputado estadual, prefeito de
Campina Grande (cassado pela Revolução militar), Senador, governador, deputado federal. Pai do também prefeito de Campinha Grande e Governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima.


Ex-vereador, ex-senador, ex-prefeito e ex-deputado federal, Ronaldo Cunha Lima lutava contra um câncer no pulmão desde o ano passado
Morreu neste sábado o ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima, pai do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Ex-vereador, ex-senador, ex-prefeito e ex-deputado federal, Ronaldo Cunha Lima lutava contra um câncer no pulmão desde o ano passado. A morte foi confirmada por Cássio Cunha Lima pelo Twitter. "Os Poetas não morrem! O Poeta Ronaldo Cunha Lima, após uma vida digna, descansou", postou o senador.
Desde a última quinta-feira, Ronaldo Cunha Lima estava em coma induzido e morreu nesta manhã, aos 76 anos, na casa da família, em João Pessoa. O corpo do político será velado no Palácio da Redenção durante todo o dia e à noite segue para Campina Grande, onde será também velado no Parque do Povo. O enterro está marcado para amanhã as 11h no Cemitério Monte Santo.
O governo da Paraíba divulgou nota de pesar assinada pelo governador Ricardo Coutinho. "O governo da Paraíba lamenta o falecimento do ex-vereador, ex-prefeito, ex-deputado estadual, ex-senador, ex-governador e ex-deputado federal Ronaldo Cunha Lima. De formação humanista e inspiração lírica, o escritor e acadêmico, profundo conhecedor e seguidor de Augusto dos Anjos, usaria a advocacia e a política para o pragmatismo da vida, mas repousaria na poesia sua certeza de posteridade. Já era eterno antes de agora", diz trecho da nota.
Ronaldo Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, em 18 de março de 1936, jovem mudou-se com a família para Campina Grande. Ronaldo formou-se em ciências jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mas desde cedo a vocação para a política passou a marcar sua trajetória. Fez parte do Centro Estudantil Campinense, um verdadeiro celeiro de líderes políticos da região, chegando a ser vice-presidente da entidade.
No dia 5 de dezembro de 1993, quando era governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima atingiu o ex-governador Tarcísio Buriti com dois tiros na boca, em um restaurante de João Pessoa. Após o ocorrido, a Assembleia Legislativa da Paraíba rejeitou o pedido de licença, formulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), para processar e julgar o governador, conforme denúncia oferecida pelo Ministério Público no STJ.


From: iu2s941l6n@news.correiodobrasil.com.br
To:
sulinhacidad3@live.com Date: Sun, 8 Jul 2012 06:43:01 -0300
Subject: Morre o ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima